Monday, February 15

Quando a esmola é grande

Depois de quase dois meses sem ir para o ginásio e de comer que nem uma orca,  ganhei vergonha na cara e decidi voltar aos treinos e à  alimentação saudável. 

Chateia-me imenso a monotonia e o facto de estar a ir sempre para o mesmo ginásio fez com que me desleixasse um pouco.  Mas,  nada melhor que uma mudança  (de casa)  no início de Janeiro para a vontade dos treinos voltar.  Aqui,  as grandes candeias de ginásios oferecem o chamado 'passaporte'  que possibilita ir a todos os ginásios.  E  foi isso que fiz,  voltei ao New York Sports Club,  mas desta vez tenho a possiblidade de frequentar todos. Ora quando uma aula está cheia num ginásio,  procuro é marco noutro.  A menos de 5 minutos de onde trabalho tem três NYSC.  

Semana passada,  queria ir a todo o custo a uma aula de cycling (a minha favorita),  mas estavam quase todas cheias.  No final do dia lá  encontrei vaga num dos ginásios em Union Square.  Deveria ter adivinhado que para ser o único ginásio com esta aula disponível algo de estranho se deveria passar.  A todas as aulas de cycling que vou estão sempre a abarrotar,  e é  assim que eu gosto: tudo a suar e a puxar uns pelos outros. 

Quando cheguei à  aula só estava eu, duas amigas que foram comigo e mais quatro pessoas.  Achei muito estranho,  mas pensei 'oh com este frio ninguém quer sair de casa'. E ficamos à  espera que o instructor chegasse.
 
Entretanto, entra uma senhora que já deveria ter uns setenta e pouco anos,  corcunda,  de uma magreza extrema a caminhar em direcção a bicicleta do instrutor.  Pensei que a pobre senhora se tinha enganado,  masssss era mesmo ela que nos ia dar a aula. 

Uma dos factores que me faz gostar de viver nos EUA é  oportunidade que é dada a todos. A idade aqui não é problema,  desde que se tenha vontade de trabalhar,  há sempre algo para fazer.  Para terem uma ideia,  nos currículos nunca se coloca a idade,  etnia,  estado civil ou fotografia e nunca deve ter mais do que uma página.  E por isso é  muito comum ir,  por exemplo à  Sephora e ver senhoras de sessenta anos a trabalhar.  E acho muito bem. 

Por isso,  quando vi que ia ser aquela a nossa instructora,  não julguei e esperei para ver como seria a aula.  Quem sabe não ia sair dali um aula do caraças.  

Infelizmente não foi isso que aconteceu,  a senhora coitada mal se podia mexer,  a maior parte da aula foi dada sentada,  as músicas era deprimentes e de vez em quando ela soltava uns gemidos que pensei que ia dar qualquer coisa à  mulher.  Foram os mais longos 45 minutos da minha vida,  estava sempre a olhar para o relógio (coisa que em outras aulas nunca faço)  e nem um pinga de suor saiu do meu corpo (eu que adoro terminar uma aula ensopada).  Eu continuei com um sorriso na cara até  terminar a aula porque não queria que ela sentisse que não estava a gostar.  É que a senhora até  era querida,  apenas precisava que alguém lhe dissesse que ela já não está  em condições para essas andanças. 

Moral da história: marcar com antecedência aulas para o mês todo e desconfiar das aulas que estão vazias à última da hora.  

11 comments:

  1. Também concordo que deva ser dada a oportunidade a todos de executar qualquer trabalho desde, claro, que seja qualificada o que não parece neste caso.
    Mas não deixa de ser uma boa história para contares =)

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  2. Já em Portugal, para te candidatares a um emprego tens de estar numa faixa etária entre os 25 e os 34 anos, ter um currículo de 20 páginas, saber falar 5 línguas diferentes e estar disposto a trabalhar o máximo possível pelo mínimo de dinheiro. É engraçado ver como tudo é tão diferente duns países para os outros... e acho bem! Mas pronto, se calhar, para dar aulas de desporto a idade é um bocadinho mais importante ;P

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  3. Os nossos governantes vão buscar tão más ideias a tantos países e nunca trazem as boas. A sociedade devia ser assim, todos deviam ser aceites. É triste que em Portugal apenas queiram pessoas entre os 20 e 30 anos mas com 10 anos de experiência!!! Enfim...
    Beijinho

    http://fashionunderconstruction.blogspot.pt/

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  4. Bem ela sabe que tem um lugar seguro e se gosta porquê sair? =P e sempre é bom para quem não gosta de muito esforço numa aula! =P

    Não há duvida que o EUA é um mundo!! :D

    Já anda no ginásio a quanto tempo? quero ver se a partir de amanha também começo a ter essa vontade! =P

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  5. Sim, oportunidades para todos, mas convenhamos que isso é o tipo de aulas em que é preciso um pouco mais do que isso :))

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  6. Pá, acho que sim, deve-se dar oportunidades a todos mas há sítios que não se deve exagerar :)

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  7. Quando morei 2 anos em Portugal fiquei parva com certas coisas, amei a experiencia e gostei muito do que vivi e nao me arrependo de nada mas omg que nao compriendia certas mentalidades e entao com respeito ao trabalho ficava parva com certas perguntas, o que vale e que trabalhei para uma empresa americana e fazia alguns trabalhos para tv , enfim aqui no Canada tambem e como nos USA oportunidade a todos. Mas coitada da sra se calhar ja pudia ficar em casa ou fazer algo que nao lhe custase tanto. :)

    Beijinho Diana.
    claudiapersi.blogspot.ca

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  8. Eu tenho de voltar ao ginásio em Março! Sem falta!
    Gostei do teu post e da tua postura com a instrutora:) eehe vê o ponto positivo: tiveste uma história para contar e engraçada:) Beijinhos
    elisaumarapariganormal.blogspot.com

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  9. coitada da mulher... ao menos tem força de vontade xD

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  10. DIgam o que disserem o corpo não é o mesmo aos 70 e aos 20, né?
    Deve ter sido um ginásio mais tântrico, para a terceira idade, não?

    Seja como for, o que apreciei neste teu relato foi perceber que estou à frente do meu tempo, mais uma vez :) É que eu não acho graça nenhuma nem encontro eficiência nos actuais currículos. Acho que não deviam incluir foto, nem idade, muito menos morada ou nº de identidade. Deve conter o que a pessoa sabe fazer e nada mais. O resto faculta-se no ato de contratação ou entrevista. Depois é vê-los no lixo para qualquer um ter acesso a dados tão pessoais!

    Daqui a 20 ou 30 anos, quem sabe, aqui em Portugal as coisas já tenham mudado ao ponto de até o CV já vir assim alterado. Entretanto, estou a ficar velhota... Acho que tenho de me mudar para NY para encontrar emprego, ahaha. O que pode uma tuga fazer aí, sem ser servir às mesas ou ir fazer camas em hoteis? Deve ser péssimo, pois são profissões que sobrevivem mais à base de gorjeta do que de salário!

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Sejam bem-vindos:)