Monday, June 2

Não era suposto haver o voto de pobreza?

"Deus está no meio de nós". Mas eu acredito que ele gosta mais de andar junto de alguns do que no meio do resto da carneirada. Uma omnipresença um tanto ou quanto elitista. E com a sua capacidade divina de alterar a vida dos crentes acaba por tocar meia dúzia de afortunados de forma especial. Provavelmente terá a ver com a dedicação que estes lhe retribuem em vida. A retribuição do Padre Melícias é de 7450 euros.
A minha será provavelmente zero. Mas eu não vou à missa a não ser em casamentos, baptizados ou quando alguém estica o pernil. Por isso o Padre Melícias, que até é uma espécie de padre do jet-set foleiro, que casa tudo quanto é azeiteiro da bola e mulher esticada, parece-me perfeitamente justo que ganhe esta exorbitância. E ou muito me engano ou esta notícia gerou uma afluência aos seminários fora do comum. Com uma reforma destas nem um deputado com dois mandatos cumpridos consegue chegar às traseiras das sandálias do franciscano Melícias.
"Com 71 anos, Vítor Melícias declarou, em 2007, ao Tribunal Constitucional um rendimento total de 111 491 euros, dos quais 104 301 euros de pensões e 7190 euros de trabalho dependente. 'Eu tenho uma pensão aceitável mas não sou rico', diz o sacerdote. Em 14 meses, o sacerdote, que prestou um voto de obediência à Ordem dos Franciscanos, tem uma pensão mensal de 7450 euros. O valor desta aposentação resulta, segundo disse ao CM Vítor Melícias, da "remuneração acima da média" auferida em vários cargos."
"Acima da média"? Acima da média é o Convento de Mafra, a pensão do Senhor Padre é uma espécie de Capela Sistina em forma formato pensão. Se Da Vinci fosse vivo e tivesse acesso a esta notícia provavelmente teria forrado o tecto da capela em notas de 500€. E D. João V de Portugal teria mandando instalar 4 ou 5 ATM à volta do convento de Mafra.
'Eu tenho uma pensão aceitável mas não sou rico', diz o sacerdote. Pois não senhor Padre, ricos são aqueles desgraçadinhos que vivem com o ordenado mínimo ou então sem um cêntimo que seja porque estão desempregados há mais tempo do que os dois dedos das mãos conseguem contar. Ricos são aqueles que vivem enrolados em cartão da Renova e em cobertores a cheirar a cavalo. O Senhor Padre perdeu uma excelente oportunidade para estar calado. Ora 7450 euros por mês, uma verdadeira miséria. Imagino as provações por que o senhor padre tem que passar. O que vale é que está habituado a viver uma vida sem luxos e abdicou de tudo o que é supérfluo, porque como se sabe: "Os Frades Menores, também chamados de Franciscanos, são uma fraternidade de irmãos clérigos e leigos, isto é, de irmãos sacerdotes e não sacerdotes, com iguais direitos e obrigações, vivendo no dia-a-dia os votos de pobreza, castidade e obediência."
Eu imagino a triteza que o Padre Melícias deve sentir cada vez que ao final de cada mês olha para o saldo gordo da conta bancária. Deve soar como os 57 sinos do Palácio de Mafra, considerados os maiores e melhores do mundo, a tocar em simultâneo. TLIM. TLIM. TLIM.
Deixai-me agora ir ajudar os pobrezinhos, que aposto que o Padre Melícias graças ao voto que fez entrega tudo o que recebe, vivendo de forma singela e desabonada na pobreza que jurou. Não tenho qualquer dúvida disto, porque de outra forma de padre teria muito pouco, e de Franciscano ainda menos.
Ou até já os padres mamam de forma desenvergonhada nesta porcaria de país?
In Economico 2011

6 comments:

  1. E é por estas e por outras que eu não consigo acreditar na igreja católica.
    Se virmos bem (vá, nem é preciso ver tãoooo bem assim, que isto é uma coisa que está escarrapachada e só não vê mesmo quem não quer), os exemplos maravilhosos que a igreja católica nos dá muito pouco se prendem com o objectivo de Deus, segundo a Bíblia. Só o luxo e ouro que a maioria das igrejas têm deixa muito a desejar quanto à ideia de que a luxúria é pecado e devemos ajudar os pobrezinhos... É que se é para ajudar os outros, eu começava por retirar o ouro das igrejas, vendê-lo e distribuir dinheiro por associações. Ou não? Isto digo eu, "que nada sei"...

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    1. Tal e qual como eu! Tenho fé, mas não acredito nem um pouco nos representantes! É ridículo o quanto esta gente ganha e a ostentação que mostram quando era suposto o contrario! Concordo contigo vender todo o ouro das nossas ideias, criar uma versão mais simples e despojada e oferecer esse dinheiro a quem realmente precisa!

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    2. Diana, quando uma das minhas tias, super-religiosa, me perguntava por que é que não me via mais na missa, eu dizia (e continuo a dizer) que conversava com Deus de outras maneiras, e que se calhar contava mais a minha maneira do que aquelas pessoas que estão sempre lá de pedra e cal mas mal acaba a missa são as primeiras a ser hipócritas ou a ir por maus caminhos ou seja o que for... e ela acabou por me dar razão! Cada um tem a sua fé e cada um sabe de si, não deixamos de acreditar mais ou menos por causa da maneira como escolhemos "falar" com Deus (ou com o que quer que seja) :)

      (PS - Mandei-te um e-mail para o endereço do blog sobre a dieta detox de 3 dias) :)

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  2. O Vaticano de Roma e seus acólitos é a instituição mais próxima da Mafia Italiana...eu já ando a pregar aos peixes há muito tampo...ninguém me ouve...http://suricatte.blogspot.pt/2012/06/papeis-trocados.html...

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    1. Sem duvida! Ainda tem a coragem de dizer que não é suficiente!

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  3. E aposto que está muito sentido com os cortes nas pensões... sobretudo na dele.

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Sejam bem-vindos:)