Thursday, December 12

a emigrante que não sabe nada

Dois anos se passaram desde a última vez que estive em Portugal e posso dizer que a primeira impressão que tive foi que este não foi o país que deixei (na realidade eu parti para os EUA em 2010, embora a última visita tenha sido há dois anos atrás).

Valbom, a terra onde cresci está muito mais deserta. Os mesmo idosos caminham a passo lento, mas a minha geração que antes via pela rua, já aqui não está. Muitas lojas fechadas, muitas casas, antes cheias de vida e agora estão para arrendar. Em conversa com uma amiga vim a saber que  grande parte dos nossos amigos emigraram para França e para a Inglaterra. Os que ficaram,  já são casados e com filhos, o que para mim ainda parece uma realidade muito distante. Segundo a minha avó já estou na idade de ter filhos e 'assentar'. E eu pergunto-me como posso ter filhos se o meu futuro é ainda tão incerto.

Eu sou uma pessoa bastante positiva, mas as conversas que tenho tido com alguns familiares e amigos têm me deixado mesmo em baixo. Tudo gira à volta do dinheiro, ou melhor à falta dele. Tu encomendavas comida quando estavas fora? Jesus , nós aqui não nos podemos dar a esse luxo. Vamos antes aquele café da esquina que o café é 10 cêntimos mais barato. Deixar o aquecimento ligado? Não se pode que é um balurdio. Agora a minha vida passa por ir a sucata e a feira da vandoma. Ai isto não é como na americana aqui as pessoas andam a penar.

Às vezes fico de pé atrás pensando se devo ou não perguntar se está tudo bem, porque a enxurrada de ais e uis começa. E eu não sei bem como reagir.
É claro que o nosso país não está na melhor forma, mas o que adianta estar sempre a falar do quanto mal estamos ou do quanto o dinheiro faz falta

Devemos gastar energia a pensar em soluções e não a cair ainda mais fundo  no poço. Boas oportunidades vem dos momentos menos bons.  Mas quê? Sempre que digo isto deitam-me aquele olhar de coitadinha não sabe o que diz e lá continuam com a mesma lengalenga.

Desde que aqui cheguei tenho andando feliz da vida por estar perto das pessoas que mais amo, mas confesso que esta nuvem de depressão me começa a afetar.

3 comments:

  1. És de Valbom?!?! Meu Deus como este mundo é pequeno: Uma parte da família de minha mãe vive lá.

    Tens razão ser miserabilista não ajuda, mas tens de tentar perceber que atualmente há muito português literalmente a contar os tostões para sobreviver... não deixes que te roubem a alegria:)

    Bem Vinda! jinhoooosssss

    ReplyDelete
  2. Entendo perfeitamente querida que a situação aqui não é muito boa e que as pessoas contam todos os tostões, mas acredito que o falar sempre na mesma coisa não leva a lado nenhum. É necessário ter pensamento positivo e lutar!

    Beijnho

    ReplyDelete
  3. O problema cá em Portugal é que nos queixamos muito mas não fazemos nada para mudar. Bem que podemos estar sem emprego mas também não nos esforçamos para procurar o que seja. Até lavar escadas de um prédio é um emprego digno mas enfim, às pessoas não querem isso. Quem saiu de um bom emprego não se quer dar ao luxo de fazer algo mais "pobre". Quem está reformado, se tiver boas condições físicas porque não tenta arranjar uns biscates? O meu pai, que ficou desempregado há 4 anos e no final do desemprego foi para a reforma, nunca baixo os braços e andou sempre a arranjar coisas para fazer. Agora, vai fazendo uns trabalhos em jardins quando as pessoas o chamam.
    Eu, que sou nova e também preciso de dinheiro, não me queixo muito e se queixo é porque realmente a situação para os meus lados está um pouco difícil mas no próximo ano vou arranjar emprego! (só não o fiz agora, porque este semestre tem sido o mais trabalhoso de todos os que já tive e seria complicado para mim conciliar.

    ReplyDelete

Sejam bem-vindos:)