Friday, November 7

Entrevista #12 Portugueses nos EUA


Entrevista a Sara, ex-Au Pair.

Em que cidade e estado viveste nos EUA?
Eu vivi em Rye, Nova Iorque

Quanto tempo viveste nos EUA?
Vivi lá durante 1 ano e 1 semana.

Como surgiu a ideia de viver nos EUA?
Olha, foi uma ideia muito engraçada. Primeiro, porque sempre dizia aos meus pais que quando acabasse a universidade ia morar para Nova Iorque; segundo, porque Nova Iorque foi sempre a cidade que quis conhecer e com a qual me identificava e terceiro, porque a minha madrinha trabalha no Ministério da Educação e houve um dia que chego a casa e disse: "Sara!!! Estive com uma rapariga que é responsável por este programa (Au Pair) em Portugal e acho que é ideal para ti. É para ires para os Estados Unidos e ainda por cima trabalhares com crianças". Eu não pensei duas vezes. Na altura andava a acabar a licenciatura e pensei que era a altura ideal para dar o salto para o desconhecido, sair da minha zona de conforto, tornar-me mais autónoma e crescer um bocadinho mais. Arrisquei. Comecei a fazer as entrevistas, a estudar inglês, e voi lá... consegui a minha sorte grande e ainda para mais para ir para NY. Amei. Nem queria acreditar quando "fechei" tudo com a família e quando me enviaram o bilhete de avião. No momento em que o avião começou a levantar voo, comecei a chorar como se não houvesse amanhã e só pensava no disparate que tinha feito... ia sozinha, não conhecia ninguém, não falava bem a língua, mas hoje grito para todo o mundo ouvir que FOI A MELHOR EXPERIÊNCIA DA MINHA VIDA!

Qual é a tua ocupação neste momento?
Neste momento sou Educadora de Infância.

Onde viveste existiam mais portugueses? 
Onde vivia não. Existiam brasileiras. Portugueses só mesmo nos estados vizinhos (pelo menos que eu tivesse conhecimento).

Como lidaste com a saudade? Do que sentiste mais falta?
A saudade foi terrível. Não há grande forma de lidares com isso, sentes imensa falta de tudo e de todos. Mas tentamos apaziguar esse sentimento da melhor maneira. Para além do famoso Skype e das cartas que iam trocando com as pessoas que me são importantes, tive a sorte de a minha mãe me tentar enviar ao máximo pequenas lembranças que me fizessem sentir um pouquinho mais perto de casa. Uma amiga minha também me foi visitar e, por vezes, aos fins-de-semana ia para a casa de uns familiares em Boston.
Lembro-me que para além da família e dos amigos, senti imensa falta da praia, dos pasteis de nata e travesseiros de Sintra, da comida da minha mãe, de cerelac (terrível eu sei!), de rafaelos (são aqueles chocolates maravilhosoooos) e de tomar café nos sítios de sempre.

Quais as ideias pré-concebidas que tinhas dos EUA e que mudaram assim que passaste a viver lá?
Para começar achei que ia ganhar montes de dinheiro (wake up... isso não é real. Ganhei algum, mas nada de extraordinário); pensei que houvesse mais pessoal gordinho do que realmente há (principalmente no sitio onde morava...era tu magricela); achei que as coisas eram muitooo mais baratas e nem são assim tanto e, acima de tudo achava que era um sitio perigoso e afinal de contas é tudo menos isso. Aliás, posso-me dar ao luxo de dizer que Nova Iorque, para mim, é mais seguro que Lisboa... principalmente durante a noite.

Foi fácil fazer amizade? Foste bem recebida?
Sim, sem dúvida. Não podia ter sido mais bem recebida do que o que fui. As pessoas são super acolhedoras e prestáveis, ajudam sempre mesmo que não o peças. São simpáticas e são tudo por tudo para que te sintas em casa.

Qual o ponto turístico favorito na tua cidade/estado?
Gosto de muitos. É difícil eleger apenas um...mas adoro o Central Park pela tranquilidade, harmonia e beleza que transmite e o Bryant Park pela simplicidade, pelo glamour que reflecte e pelo facto do meu pedido de casamento ter sido feito ai. Ahhh... sem esquecer a famosa "toy store" na 5ª Avenida e a Tiffanys, claro!

Como descreves a cultura americana?
Olha para ser muito sincera eu própria já me considero americana (cof, cof). Gosto de tudo, desde as comidas, às roupas :) No entanto, acho que são um povo muito exagerado, apressado e irritado. Andam sempre a correr de um lado para o outro, não têm tempo para nada e quando as coisas não correm como idealizam a frustração é constante. Por outro lado acho que têm uma mentalidade aberta, mas que estão muito formatados e não saem do quadrado que lhes está "geneticamente" delineado. (E  aqui sei que posso soar contraditória). São, tal como já havia mencionado, prestáveis e preocupam-se com o bem-estar dos outros, principalmente com quem vem de outra parte do mundo.

O que é que os EUA tem e que falta em Portugal e vice versa?
Em Portugal falta mais dinheiro; uma Abercrombie, uma Tiffanys e uma semana como a do Natal e Thanksgiving. Nos EUA, falta a gastronomia, a simplicidade/tranquilidade e a cultura portuguesa. Portugal é um país cheio de historia e com muita cultura, o mesmo não se pode dizer dos EUA.

Quais os teu planos depois de teres terminado o intercâmbio? Pretendes algum dia voltar a viver nos EUA? 
Regressei às origens. Onde sou feliz! Se penso em voltar aos EUA? Sim, claro. Mas viver lá para sempre esta, pelo menos por agora, fora de questão.

Do que tens mais saudades?
Tenho saudades dos amigos com quem vou falando, mas nunca mais vi; dos momentos partilhados; dos cheiros e dos sabores característicos; das estações do ano bem definidas; das decorações de Natal e da alegria da comemoração do Thanksgiving; das idas à biblioteca; dos cafezinhos tomados no Starbucks; dos sorrisos e gargalhadas que marcaram momentos importantes; dos abraços apertados e das lágrimas derramadas; de brincar na neve; das viagens ... de muita coisa. Mas lá está, há momentos para tudo e tudo tem o seu tempo. Se voltasse já não seria a mesma coisa...

Qual o conselho ou sugestão que dás para quem tem o mesmo sonho de viver/emigrar para os EUA. 
Nunca desistam dos vossos sonhos. Vale a pena arriscar, não deixem, nunca, que o medo vos impeça de tentar. E podem ir sem medos...vai ser a melhor experiência das vossas vidas.










6 comments:

  1. Gostei muito da entrevista e das fotos.
    Já sigo.
    Beijinhos
    http://virginiaferreira91.blogspot.pt/

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  2. Muito legal a entrevista e li as outras também. EUA é um grande sonho mesmo.

    Beijos e bom final de semana,
    http://blogdmulheres.blogspot.com.br/

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  3. Gostei muito desta entrevista, uma das minhas preferidas =)
    Deve ter sido uma experiência tão boa!!

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  4. * Obrigada meninas :) Sim, foi sem dúvida uma das melhores experiências da minha vida. Acho que todas nós devíamos "passar" por uma fase de loucura e sair da nossa zona de conforto. Faz-nos tãooo bem :) Um mega beijinho para todas :)

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  5. "Au Pair" soa tão bem!
    Que giro, "Rye" :)
    Acho que muita gente diz e acha que adora algum país estrangeiro, mas depois para ir mesmo é mais complicado :P louvo a coragem de aceitar assim, isso para mim era assunto para ser remoído durante imenso tempo. Acho eu, que estas coisas são difíceis de prever sem estar na situação! Quando o entusiasmo inicial acaba deve ser avassalador... Tipo quando o efeito das endorfinas passa e as dores se começam a sentir. A história é gira, e o final feliz ainda mais :)
    É uma pena que ninguém nesta entrevista tenha encontrado um antídoto para as saudades :P essas lembranças devem ter parecido uns tesouros!
    Eu estou sempre a pensar que na América há imensas coisas giras tipo iogurtes vegetais de coco, imensas variedades de manteiga de amendoim, marshmallow fluff e produtos de que falam em blogs, mas às vezes apercebo-me de que, com tanta publicidade, tantas marcas e tanto consumismo, até me vou esquecendo das coisas que há aqui e lá não - nomeadamente broa de Avintes, pão fofo, bolos tradicionais e queijo fresco. Em Raffaello's nunca tinha pensado, mas acho que não morria sem eles porque quase nunca como :P agora que penso nisso até são capazes de ser melhores do que Ferrero Rocher, pelo que me lembro :) mas CERELAC? Claro que também não como frequentemente, mas acho que uma tigela quentinha era uma boa solução para quando as saudades apertassem, é tão reconfortante :P por acaso acho que pesquisei há algum tempo... "Cupcakes de Cerelac" ou assim (em inglês) e fiquei surpreendida por não aparecer nada :P então... Que papas é que os bebés comem? Como é que se pode querer ir para um país onde os bebés não comem Cerelac?!
    Então a desilusão com o dinheiro deve ter sido grande :P por acaso não tenho muito essa ideia, não associo mais ao enriquecimento do que outro país qualquer :)
    Toy Store? Isso parece melhor do que um monumento :P haha
    Realmente aquele coelho da Alice tinha cara de americano ;)
    Quem vive lá deve estar habituado a inundações de estrangeiros :P até é giro! É uma realidade diferente... Ainda bem que fazem uma boa recepção :) já devem ter algum treino!
    Não é assim tão contraditório, eu acho que é comum ver "mentes abertas" que o são com orgulho, mas só até certo ponto e onde é confortável.
    "Em Portugal falta mais dinheiro" haha
    Um país gigantesco com imensa gente dos 4 cantos do mundo... Presumo que acabe por não ter uma cultura tão específica. Mas o que é isso da semana do Natal? Então os Tugas não são uns Natal-ólicos (já que este sufixo parece estar a ficar tão famoso... É pena que soe tão mal) fervorosos? :D
    Estações do ano bem definidas? Isso não é utopia?

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  6. Adoro estas entervistas. :)
    claudiapersi.blogspot.ca

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Sejam bem-vindos:)