Tuesday, October 21

Entrevista #10 Portugueses nos EUA


Em que cidade e estado dos EUA vives?
Estou a viver em Long Branch, no Jersey Shore. Trabalho em Newark, ambas as cidades estão localizadas no estado de New Jersey.

Há quanto tempo vives nos EUA?
Cheguei aos Estados Unidos em Março de 2013, ou seja, há  sensivelmente um ano e meio.

Como surgiu a ideia de viver nos EUA?
Eu tenho família a viver cá desde 2001. A minha irmã, o meu cunhado e os meus sobrinhos. É  com eles que estou a viver atualmente. Têm sido uma grande ajuda e um apoio fundamental. Sem eles não teria conseguido! Decidi vir para cá devido à crise. Apesar de estar empregado e a trabalhar na minha área, sentia que as perspetivas de melhorar de vida eram poucas. E na minha idade, 31 anos, já se começa a querer algo mais. Foi disso que vim à  procura. Ter cá  família tornou a opção Estados Unidos mais fácil e natural.

Qual a tua ocupação neste momento?
Eu sou jornalista. Trabalho para uma produtora de televisão independente. Somos responsáveis, entre outros conteúdos, pelo programa EUA Contacto New Jersey, que é exibido pela RTP Internacional.

Onde vives existe mais portugueses?
Sim. Em Long Branch existem muitos portugueses. É  uma cidade com perto de 30 mil habitantes, dos quais cerca de dez por cento são portugueses. Temos um clube português muito ativo! Existe também uma escola portuguesa, que ajuda os mais novos a manterem o contato com a língua e com a cultura do nosso país. Newark, onde trabalho, é o coração da comunidade portuguesa de New Jersey.

Como lidas com a saudade? Do que sentes mais falta?
Acho que a saudade é  algo que não passa nunca. Desde o primeiro dia em que chegamos a outro país. Com o tempo aprendemos a conviver com ela. É  um sentimento maior que está  sempre à  espera para nos pregar uma partida. Às vezes traz-nos um sorriso, outras arranca-nos uma lágrima.
Sinto falta sobretudo das pessoas. Da família, que agora está  longe mas nunca fica para trás, e dos amigos. Felizmente tenho muitos e bons e não são, de forma alguma, substituíveis. A tudo o resto, com maior ou menor dificuldade, penso que acabamos por nos adaptar.


Quais as ideias pré concebidas que tinhas dos EUA e que mudaram assim que passaste a viver ai?
Eu já  venho aos Estados Unidos há  muitos anos, desde 2002. As ideias pré-concebidas que trazia eram, sobretudo, aquelas que me chegavam dos filmes. E quando os meus amigos me perguntam como é  isto por aqui, acho que a resposta que melhor ilustra o modo de vida americano é  essa mesma. É tudo muito parecido com aquilo que vemos nos filmes (salvas as devidas distâncias, obviamente). Fiquei surpreendido com a simpatia natural dos americanos. Confirmei alguma ignorância generalizada em relação ao que se passa no resto do mundo. Por exemplo, é  difícil encontrar um americano que saiba onde fica Portugal...

É fácil fazer amizade? Foste bem recebido.
Pessoalmente, acho que fazer amizades não é tão simples como se possa imaginar. Não que os americanos não sejam simpáticos e acolhedores, mas mais pelo estilo e ritmo de vida que se tem por cá. Muito mais orientado para o trabalho e para a família do que para o social. Pelo menos comparativamente ao que estava habituado em Portugal.


Qual o ponto turístico favorito na tua cidade/estado?
Próximo de mim, apesar de não ficar no "meu" estado, Nova Iorque. É uma das minhas cidades preferidas. Quando lá vamos nunca sabemos o que vamos encontrar. O ritmo, a diversidade cultural, a oferta turística, a quantidade e variedade de acontecimentos.. É  incrível! É também uma cidade muito saborosa de se descobrir, depois que se tiram os "óculos" de turista. Está  repleta de pequenos recantos e parques onde, com a companhia ideal, nos podemos refugiar e quase esquecer que estamos na cidade que "nunca dorme".   

Como descreves o cultura americana?
De uma forma geral, os americanos são muito simpáticos. São também consumistas, acho que ir ao mall é mesmo o desporto nacional, e práticos. Não ligam ao aspeto estético "da coisa", o mais importante é que funcione. Outro aspeto incontornável dos norte-americanos é o patriotismo. Primeiro está o país deles, depois o país deles, e só  depois o resto do mundo. Acho que isto é  bom e mau. É  bom porque os ajuda a serem a potência que são, é mau porque contribui para a tal ignorância generalizada em relação ao que se passa no resto do planeta. São também muito focados no trabalho e na família.  

O que é que os EUA tem e que falta em Portugal e vice versa.
Se pudesse transportar alguma coisa dos EUA para Portugal seria o pragmatismo do dia à dia e algum patriotismo também. Acho que em Portugal só nos lembramos que somos portugueses quando joga a Seleção. De Portugal para os EUA traria a forma como nós, portugueses, nos sabemos divertir e aproveitar mais a vida.

Quais os teus planos para o futuro? Pretendes viver nos EUA para sempre?
Inicialmente pensei que viria para cá apenas durante um par de anos. Neste momento não fecho nenhuma porta. Veremos o que o futuro me reserva, tanto a nível pessoal como profissional.

 Se tivesse que voltar para Portugal do que irias ter mais saudade?
Principalmente, sentiria falta da vida livre de stress que tenho por aqui. Ao viver e trabalhar tão perto de Nova Iorque, talvez sentisse falta de me sentir tão próximo do centro do mundo.

Qual o conselho ou sugestão que dás para quem tem o mesmo sonho de viver /emigrar para os EUA.
Não só  para aqueles que pensam emigrar para os Estados Unidos, mas para outros pontos do mundo. Infelizmente há muitos portugueses nessa situação, porque não têm alternativas em Portugal. Espírito de sacrifício. É  sempre preciso quando se vai para tão longe de casa. E consciência de que, por vezes, é  preciso saber dar um passo atrás para depois podermos dar dois em frente!


Capitólio, Washington DC 

Giants Stadium 
Palm Coast, Flórida 

5 comments:

  1. Gostei bastante de ler esta entrevista. Demonstra a realidade que assola muitas familias atualmente, e realmente, as saudades, o sacrificio devem afetar muito. Espero que corra tudo pelo melhor.

    Beijinhos,
    http://mrswonderlandby2.blogspot.pt/

    ReplyDelete
  2. Sem ofensa, mas essa história da crise é uma grande treta! Ele não fugiu a nenhuma crise porque estava a trabalhar na área... e hoje em dia há mais trabalhos do que gente a querer trabalhar. Querem é empregos... trabalhar que é bom tá quieto.

    ReplyDelete
    Replies
    1. Pelo que entendi o Afonso mudou se porque queria um melhor emprego e subir de escalao, evoluir na propria profissao e hoje em dia em portugal ta dificcil, ainda por cima na area de jornalismo! Nao tem mal nenhum querer mmelhores condicoes de vida!

      Delete
    2. Sim isso é verdade.

      Delete
  3. Adorei Afonso ler as tuas respostas. Sera que a simpatia dos americanos nao passa pelo facto de haver muitos casos de probessar alguem por falta de educacao? Eu axo que essa simpatia as vezes e um pouco falsa. E se vieres a California vais encontrar muitas pessoas pouco patriotas, basicamente parece um estado a parte.

    ReplyDelete

Sejam bem-vindos:)