Thursday, September 4

Entrevista: Portugueses nos EUA #4



Ashely nasceu nos EUA, mas com 6 anos voltou a Portugal onde cresceu e se licenciou em Enfermagem. A visão de um futuro nada prospero por Portugal fez com que há cinco anos atrás voltasse para Nova Iorque. Neste momento É enfermeira num hospital em Manhattan. 

Em que cidade e estado dos EUA vives?   
Vivo em New York City, NY

Há quanto tempo vives nos EUA? 
Fez dia 9 de Agosto 5 anos!

Como surgiu a ideia de viver nos EUA?
New York sempre esteve presente na minha vida, nasci cá e por aqui fiquei até aos 6 anos de idade. Não tenho muitas memórias desses tempos mas sempre cresci com o bichinho de um dia regressar para me aventurar, afinal é a cidade onde tudo acontece! Quando no meu 2º ano de faculdade se começou a falar de desemprego na minha área profissional resolvi apostar na minha vinda para New York. Nem procurei trabalho em Portugal, vim assim que a minha Ordem me deu o OK para vir. 

Qual a tua ocupação neste momento? 
Sou enfermeira, ou o que aqui chamam de Registered Nurse e trabalho num hospital em Manhattan.

Onde vives existe mais portugueses? 
Quando vim éramos bem mais mas aos poucos foram partindo e estão espalhados por outros países, por isso no meu dia a dia é raro conviver com Portugueses. Mas tanto em Long Island como em Newark encontramos grandes comunidades portuguesas. Tenho imensa família em Long Island. 

Como lidas com a saudade? Do que sentes mais falta?
Tento ir a casa duas vezes por ano porque realmente é difícil deixar tudo para trás e ao fim de uns meses já se sente o aperto da saudade da família e dos amigos. Tenho sempre saudades de Lisboa, do sol, das praias, da vista para o mar e do cheiro a maresia, das esplanadas, das idas ao café e dos passeios pela ruas velhas da cidade! Acima de tudo tenho saudades do quanto Lisboa me inspira.
Quando tenho saudades de um bom frango assado, de caracóis ou de um bom marisco vou sempre a Newark encher a barriguinha e fico mais feliz. Volto sempre com produtos portugueses na mala, até garrafas de azeite. 

Quais as ideias pré concebidas que tinhas dos EUA e que mudaram assim que passaste a viver ai? Como a minha família viveu aqui muitos anos não tinha propriamente ideias pré-concebidas por não me ser uma realidade estranha. Mas posso dizer que não contava que realmente fosse tão difícil alcançar objectivos profissionais, tal como a música diz if you can make it here you can make it anywhere. É a terra das oportunidades mas também tem a capacidade de nos tirar o chão muitas vezes. 
Talvez uma ideia pré-concebida que tinha é a que passa para o resto do mundo, que os americanos são todos gordos. E ao chegar percebi que realmente que a maior parte da população é extremamente cuidadosa com a sua alimentação e com o seu bem-estar físico e isso deixou-me surpreendida. 

É fácil fazer amizade? Foste bem recebida
Fui sempre bem recebida nos meus empregos e sempre me fazem mil e uma perguntas sobre Portugal. Não é fácil fazer amizades quando se vem directamente para o mundo profissional, mas aos poucos chega-se lá. É um povo dado mas ao mesmo tempo há uma constante entrada e saída de pessoas e tenho amigos que hoje dizem que não querem criar grandes laços com estrangeiros porque passado uns meses lá estão eles a seguir um novo caminho. É compreensível.  

Qual o ponto turístico favorito na tua cidade/estado? 
Ao fim de 5 anos fujo dos pontos turísticos como o diabo foge da cruz, mas recomendo sem dúvida uma visita ao Top of the Rock, uma visita ao Highline e um piquenique no Central Park.  Gosto de me perder por West Village e descobrir novas lojas e restaurantes e também gosto bastante de Dumbo e do Brooklyn Bridge Park. 

Como descreves a cultura americana? 
Tendo em conta a área em que estou não gosto da mentalidade dos New Yorkers no que toca à rapidez e eficiência dos serviços. É tudo para ontem e na saúde as coisas não funcionam assim.  Devido à natureza do meu trabalho convivo com pessoas de todo o lado dos EUA e até do mundo e quem vive em New York tem muitas vezes uma atitude bastante difícil de se lidar. Noutros aspectos são o oposto. Gosto de entrar num restaurante, sentar-me no bar por estar sozinha e de repente a pessoa ao lado puxa temas de conversa. Têm também uma certa leveza. 

 Quais os teus planos para o futuro? Pretendes viver nos EUA para sempre? 
Não, nunca foi o meu plano pelo menos não em NY. O mundo é grande o suficiente para novos caminhos. We shall see what comes up next. 

Se tivesse que voltar para Portugal do que irias ter mais saudade? 
Da conveniência desta cidade. Farmácias e supermercados abertos 24 horas por dia, os metros e autocarros a funcionar 24 horas. Acordar e querer panquecas no meio de uma tempestade de neve e passados 15 minutos baterem-te à porta. A facilidade do dia-a-dia que é tão característica. 

Qual o conselho ou sugestão que dás para quem tem o mesmo sonho de viver /emigrar para os EUA.
Que seja uma decisão bem pensada e que tenham consciência que não é um país barato, pelo menos se vierem para NY. Mas que sigam o vosso sonho sem qualquer medo, porque tenho a certeza que não se vão arrepender desta aventura fabulosa. 

Podem seguir a Ashley no seu blog pessoal Au Revoir e no instagram @aurevoir_



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6 comments:

  1. Mais uma vez Diana, adorei :D continua a colocar estes testemunhos corajosos.beijinho

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  2. Não a conhecia, um bom testemunho :)
    http://retromaggie.blogspot.pt/

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  3. A 2a pergunta fez-me pensar sobre a possibilidade de uma comemoração de aniversário. Eu já fiz a um brinquedo, portanto não seria nada de mais :P
    Comunidades portuguesas, que giro :) eu acho que até ficava com saudades de falar em português :P
    O estereótipo dos americanos gordos está mesmo espalhado. Eu lembro-me de ver percentagens de obesos/acima do peso e médias de IMC e não era muito diferente dos países da Europa (tipo os franceses, apesar de parecer que toda a gente acha que são magros, altos e têm uma baguete na mão :P deve ser por causa da história do paradoxo...)
    Eu até percebo o risco da amizade com estrangeiros, mas mesmo que nesse caso seja mais evidente há sempre um certo risco... também depende das circunstâncias. Parece-me estranho não querer criar relações por causa disso, mas também não é uma situação frequente aqui e portanto não me sei colocar na situação.
    Supermercados abertos 24h/dia... tão estranho :P
    ... panquecas ao domicílio? Interessante... :)

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  4. Minha gémea de coração.. Gosto muito, mas volta para nos... As saudades não são so desse lado. Este também sofre e desespera pela tua chegada. Amanha ja te vou poder abraçar sem fim e esgotar-me de ti durante umas semanas. Es maravilhosa e cheia de tanto e de tudo! Um mega beijo virtual, mais dois ou três pessoais, amanha, ao vivo a cores e em 3D.
    Luv u my american girl.*

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Sejam bem-vindos:)