" O Natal já não é o que era".
Cresci a ouvir esta frase sem conta. Avós que comparavam o Natal de há 30 anos atrás, quando era " verdadeiramente celebrado o nascimento de Jesus". Agora, diziam eles, " celebra-se o consumismo", "já não ha espírito de Natal". Praticamente toda a minha vida ouvi isto, mas nunca acreditei ou prestei muita atenção, pois para mim o Natal era sinonimo de todos juntos à mesa, alegria e muita brincadeira. Fui crescendo e com isso pessoas que amava foram deixando de estar presentes. Pessoas importantes que traziam alegria a este dia já não estão cá. Durante o jantar olhamos para o lugar que costumavam ocupar e em silêncio sofremos. Ninguém pronuncia uma palavra que seja, os sorrisos e piada soltas continuam, mas a dor, essa prevalece.
Dois anos sem vir a Portugal, sem passar o Natal com os meus. Tinha tudo para ser um dia especial, cheio de alegria. No entanto, esqueci-me que dois anos mudam as pessoas, envelhecem e problemas que antes não eram importantes agora estão sempre prontos a ser atirados a cara. Sinto-me como se tivesse caído de paraquedas, não sei o que se passa mas sinto a tensão. Eu que pensava vir para um Natal cheio de alegria não podia estar mais enganada. Vejo que tentam mostrar boa cara quando estou presente para "não magoar a menina", ouvi eu um destes dias. Não sabem eles que eu já me sinto magoada por ver a minha família aos poucos afastar-se.
Este Natal é tal e qual a Guerra Fria. A tensão paira no ar, mas ninguém tem coragem para iniciar uma discussão. Sabemos que ao mínimo gesto, à mínima palavra mal interpretada os atritos podem começar, mas mesmo assim sorrimos e fazemos palhaçadas, pois não sabem se pára o ano poderei passar o Natal aqui e querem fazer deste dia o mais especial possível.
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